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O batuque que vem da alma


A música não tem classe social, cor, sexo, idade ou credo  as pessoas simplesmente se conectam por meio da melodia. Os livros de história nos contam que ela era um instrumento indispensável na formação dos gregos, e as aulas começavam ainda na infância. Pode-se dizer que é, também, uma das mais antigas formas de expressão. 

É impossível falar de música e não reconhecer os benefícios que provém dela. Já não restam dúvidas que seja a “língua” dos sentimentos e das sensações. A tese faz sentido. 

Para muita gente, especialmente as que convivem em um contexto de desigualdade social e violência, soa como um exercício contínuo para canalizar energias e transforma-las em algo bom. Falo aqui de transmitir o que está impresso na alma, o que as palavras já não alcançam. 

Foi assim  observando o trabalho desenvolvido por grupos voluntários de percussão nas periferias do Brasil, e a resposta da comunidade diante da iniciativa — que começamos a enxergar o papel social da música no desenvolvimento intelectual, emocional e moral do indivíduo.  

Certo é que já temos pesquisas que comprovam a importância da musicalidade na formação do indivíduo, como a do departamento de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Instituto ABCD. De acordo com o estudo, a música exerce uma influência positiva no desempenho escolar das crianças e dos adolescentes. O resultado veio de um estudo com dez escolas da rede pública e cerca de 27 estudantes com idades entre 8 e 10 anos.

O som da inclusão

 Sem sombra de dúvidas há muita gente “do bem” promovendo a integração através da música. E isso leva ao questionamento: é necessário ter talento nato, ou dom, para se expressar artisticamente? A resposta é não!

A percussão vai além do contato com instrumentos, diz mais sobre o processo de socialização. O tambor exige mais do que fazer música, ele potencializa a inclusão do indivíduo na sociedade, visto que o cidadão toma consciência de que a troca de experiências, e a interação com outros alunos, é fundamental para atingir melhores resultados.

Um músico mais experiente não apaga a atuação do iniciante, o homem não representa a mulher, a criança não toca menos que o adulto e por aí vai. Parece óbvio, porém, a prática em conjunto é que proporciona a formação musical de todo percussionista.

Em Brasília, o mestre Célin du Batuk, à frente do Kombo Arte Afro, leva a percussão para dentro das comunidades carentes do DF. O seu projeto já atendeu diretamente a Vila Telebrasília e Estrutural, estando atualmente no Sol Nascente. Perguntado sobre qual é o seu maior orgulho, Célin declara que é promover a arte inclusiva, além de, claro, já ter levado a música afrobrasileira para fora do país.  

A transformação é perceptível, com inúmeros casos de jovens que voltaram às salas de aulas e estão correndo em busca dos sonhos. Portanto, não é coincidência o fato de a percussão mudar vidas. 

por Proativa Comunicação
redação: Nayara Sousa