Pular para o conteúdo principal

Por que devemos ensinar a cultura afro-brasileira?

Um país de cores, credos e muito gingado, assim se define o Brasil. Não é à toa que a cultura “afro” se manifesta na música, na religião e na culinária brasileira. Há quem diga que apadrinhamos os costumes africanos como manifestações artísticas genuinamente nacionais. Mas nem sempre foi assim.

Não faz muito tempo que as tradições culturais africanas eram vistas com repúdio pelos europeus, contudo, conseguimos desmistificar essa visão ainda no século passado foi quando o Brasil reconheceu que, nós, brasileiros, construímos uma identidade cultural em comum com os africanos.

O que teria acontecido, então, com os africanos recém-chegados em solo brasileiro à época? Obviamente, eles se miscigenaram com os nativos brasileiros. Seja como for, a certeza é a de que somos todos afrodescendentes. Por paradoxal que pareça, as pessoas de pele clara, olhos azuis ou cabelo loiro podem ser e são tão afro-brasileiras quanto um negro, ou até mais. 

Quebrando tabus – Autor de “O Outro Lado do Paraíso”, Walcyr Carrasco abordou essa temática no último folhetim das 21h. Na novela, a racista Nádia (personagem interpretada pela atriz Eliane Giardini), depois de aprontar poucas e boas para impedir o envolvimento do filho com uma mulher negra, descobre ser avó de um menino negro.

Para os críticos de plantão, Walcyr Carrasco explicou, de maneira lúdica, que a árvore genealógica tem lá o seu peso. Na história de Nádia, por exemplo, a bisavó e a avó de seu marido — avô da criança — eram índia e negra respectivamente. Entre os diálogos desse debate, podemos destacar esse:

Em muitas famílias, por exemplo, todos têm olhos castanhos. De repente, nasce alguém de olhos azuis. Só estou tentando explicar que talvez tenham antepassados negros. Você ou seu marido”.

Difícil saber se esse fato tem a ver com a falta de informação ou pela simples dificuldade de aceitar tal condição, o que caracteriza preconceito.

Desmistificando nossas origens culturais - Embora tenha inspirado o samba; a capoeira; o acarajé e a pamonha; além de expressões como “moleque”, “caçula” e “dengoso”, a cultura afro-brasileira é mais tratada de forma folclórica e estereotipada.
O que pouca gente sabe, no entanto, é que os africanos compartilharam conhecimento conosco, isto é, os aspectos próprios de um dos povos mais influentes de todos os tempos. Apesar das inúmeras diferenças culturais e históricas entre as duas nações, há que se entender que temos a mesma raiz. 

Mas afinal, a história afro-brasileira já não é obrigatória no currículo das escolas de ensino fundamental e médio de todo o país? A resposta é claramente sim. O problema está na falta de capacitação dos nossos professores e um acervo didático de qualidade.

A luta pelo reconhecimento da cultura “afro”, contudo, é algo que se vive, não que se escreve. O Kombo Arte Afro, que chegou à sua terceira edição nesse mês de maio, procura colocar cada vez mais nítidos as heranças culturais desse povo. 

por: Proativa Comunicação
redação: Nayara Sousa